Chegando às ruas da Lapa, foi cumprimentando todos que encontrava pelo caminho. Não eram poucos, naquele pequeno período que Capiroto esteve por ali, fizera muitas amizades. Todos que o conheciam o cumprimentavam com um largo sorriso, pareciam adorá-lo, alguns até mesmo o abraçavam, mesmo com suas roupas surradas, cabelos desgrenhados e uma imensa barba, seus colegas não pareciam se importar com isso.
Chegando ao boteco do seu Osmar, como costumava chamá-lo, cumprimentou mais uma leva de gente, até encontrou um velho conhecido de quando morava em Botafogo no seu velho barraco. Conversaram sobre seus os velhos tempos de malandragem de Capiroto: as peças que ele costumava pregas, suas chacotas, os truques para ganhar no jogo de carta, as mulheres que se envolvia e as brigas que, aliás, era um dos motivos principais que o colocará na sarjeta.
Nesse meio tempo Capiroto já estava de barriga cheia, vários de seus conhecidos lhe ofereciam comida, bebidas, cigarros e até mesmo algumas coisas ilícitas que, aliás, Capiroto preferia não se envolver.
Enquanto fazia mais um de seus discursos sobre a vida, carregados de humor, reflexões e ironias, todos ao seu redor o ouviam com muita atenção. Em particular um grupo sentado numa mesinha ao fundo do bar. O grupo não costumava frequentar aquele bar, ninguém os conheciam por ali. Estavam vestidos de maneira excêntrica e carregavam várias bagagens em baixo de sua mesa e de suas cadeiras. Ficaram muito curiosos com aquele “mendigo” carismático que acabara de entrar no bar e parecia conhecer a todos ali. O caráter romântico, sarcástico e humorado das histórias que aquele ser contava, começava a fasciná-los. E aquele apelido esquisito? Capiroto?!
Após muitas conversas, bebidas e outras libertinagens, a madrugada estava chegando ao seu fim. Poucos restavam no boteco, apenas o grupo que acabara de encerrar sua conta no bar e meia dúzia de bêbados que ainda prestavam atenção em Capiroto.
Após pagarem a conta, voltaram à mesa para pegar suas bagagens. No mesmo instante em que sentiram a falta do violão, olharam para a calçada e viram o tal mendigo do bar tocando ele, cantando alguns velhos sambas em voz alta enquanto todos que passavam por ali paravam para vê-lo.
Bendito Capiroto! Aquele grupo do qual havia tomado o violão, era uma famosa companhia de Teatro. Acabavam de retornar de um ciclo de musicais apresentados em Nova York e estavam no Rio de Janeiro apenas para ajeitar algumas coisas e realizar alguns ensaios para iniciarem uma turnê pela Europa. O diretor do grupo estava presente no bar aquele dia, ele foi um dos que estavam fascinados pelo tal mendigo chamado Capiroto. Agora ainda mais, com seu talento para tocar e cantar. Bendito Capiroto! Sua sorte acabará de mudar.
Escrito por Diego "di Lua" Santana
Diego, ficou melhor, mas precisamos corrigir uns errinhos.ana
ResponderExcluir