segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Mel

Já eram horas. A passagem da tarde para a noite se deu tão depressa que mel não se deu conta de quanto tempo havia ficado sentada no telhado. Olhou para o relógio, perdera a noção de tempo. Após quase um dia refletindo, continuava se perguntando: por quê? Por que nada podia ser como antes? Porque, de repente, sua vida se tornara aquele sufoco constante. Num piscar de olhos, tranquilidade e dias felizes passaram a ser mais um giro no ponteiro. Era agonizante. Talvez nunca fossem, pensara. Mal sabia que aqueles dias miseráveis estariam prestes a mudar.

Quando desceu do telhado, mel ouviu vozes e ficou um pouco assustada. Não ter ninguém nas ruas àquela hora, e sua curiosidade não permitiu que ela voltasse para casa. Após um tempo andando, mesmo escuro, acabou dando de cara com uma janela. Percebeu rostos, nada especifico, mas pareciam crianças. Depois, reconheceu os instrumentos, dois ao piano, dois no sopro e parecia que um garoto maior cantava.

Quando se deu conta de estar em cima de um caixote bambo, já era tarde. Mel caiu em cima de uma bicicleta, fazendo um barulho imenso. Os garotos foram correndo ver o que era. O mais velho, na frente do grupo, parecia assustado. Mel explicou que só estava instigada com a musica e após um pequeno dialogo e uma rápida revista, foi convidada a entrar.

Era um lugar abandonado e as portas estavam trancadas com objetos. Ela não disse nada, apenas seguia-os.

- Deve estar pensando que roubamos ou algo assim – Disse o garoto gordinho ao lado do mais velho.
- Na verdade só estou me perguntando o que fazem aqui – Mel não expressava sentimentos, apenas falava olhando para baixo.
- Somos órfãos, invadimos essa casa abandonada há algum tempo – Ele parecia triste, o olhar vago.

Ela contou que dava aulas de bale antes de quebrar os pés, mas garantiu que ainda dançava quando estava sozinha. Após um tempo, conversas e olhares criaram um ambiente diferente, intimidade entre eles parecia nítida, e, de uma hora para outra, as diferentes magoas se misturaram transformando-se em musica.



Escrito por: Amanda Moretti

Um comentário: