terça-feira, 26 de novembro de 2013

O adicto funcional

Passavam das três da madrugada. Márcio estava sozinho em seu apartamento, como de costume trabalhando no escritório. Cansado, sua maior vontade era dormir, mas não podia. Seu trabalho precisava ser entregue antes do meio-dia. Um trabalho de milhões de reais, importante para milhões de pessoas.

Ser reconhecido como um dos melhores editores de propaganda do país foi fruto de bastante trabalho e rendi bastante orgulho para Márcio, porém o cansaço era algo constante em sua vida. Era o preço pelo sucesso alcançado.

Márcio foi até a sala e cheirou uma carreira de cocaína, sabendo que estaria renovado para voltar ao trabalho em alguns instantes. Após algum tempo havia voltado ao escritório e finalizada o trabalho. Enviou para o chefe e aguardou a confirmação com o usual elogio “o que seria da gente sem você?”. Tentou se animar com o gesto, mas com o efeito da droga passando, ele precisava dormir. E dormiu.

Quando acordou, ligou a TV e pegou algo para comer na geladeira. Enquanto voltava da cozinha notou que o comercial que estava passando era o que ele havia finalizada há pouco tempo.

“Não use drogas. Procure ajuda em um dos nossos grupos. Existe saída para o seu problema.”

Márcio não sabia o que pensar. Existia uma hipocrisia aliada à boa vontade. Existia o certo sendo embasado pelo errado. E novamente ele não sabia o que pensar. Apenas sentia... Culpa.

Terminou seu lanche, cheirou outra carreira de cocaína e voltou ao escritório para finalizar um novo trabalho que o esperasse.


Gabriel Cipriano

Um comentário: