terça-feira, 26 de novembro de 2013

Banheiros sujos

Aos 23 anos, Alice já não aguentava mais a situação em que se encontrava - Após ser demitida do local onde trabalhava como bancária por quase agredir uma das funcionárias que derrubou café em sua mesa, passava noites sem dormir, seus pensamentos a mantinham acordada durante horas seguidas. – Resolveu procurar um analista.
     ‘’Alice, a senhorita sofre de Transtorno Obsessivo Compulsivo, popularmente conhecido como A Doença das Manias, o TOC...`` Dizia o especialista `` Seu distúrbio de ansiedade provém de fatores psicológicos e histórico familiar. Há vários tipos de tratamento, mas no seu caso indico o uso de antidepressivos que vou te prescrever.’’ Alice, confusa, anotava cada palavra em sua agenda. O fato do médico ter mencionado o seu histórico familiar a incomodava.. Não queria lembrar de sua família, muito menos do último episódio ocorrido com sua mãe. - ‘’Não se esqueça’’ - o médico continua: É sempre importante esclarecer o paciente e sua família sobre as características da doença. Quanto mais a par estiverem do problema, melhor funcionará...’’
Após estas palavras, Alice já se sentia tonta e não conseguia mais ouvir, interrompeu o médico:
- Com licença, poderiamos pular esta parte, estou com um pouco de pressa, preciso usar o banheiro.
O doutor fica visivelmente irritado, mas termina de escrever a receita e a entrega, apontando a direção do banheiro no corredor:
- Mas é claro. Está aqui sua receita, se cuide. O Banheiro fica logo alí.

Alice escapa da sala apertada do psiquiatra e segue em direção ao banheiro dos pacientes, mas ao entrar, seu coração acelera. Aos olhos da moça, o banheiro estava imundo. Enxergava cada sujeira nas pias e cada mancha nas paredes. Mais do que depressa da às costas ao local e respira fundo. Decide voltar a sala do doutor:
- Aquele aquele banheiro está imundo. Não tem outro que eu possa usar?
O homem ergue uma sombrancelha e diz:
- Algum problema com o nosso banheiro Alice? Posso pedir para que nossa fa..
Alice está se sentindo irritadiça e tonta, não espera que o doutor complete a frase e diz:
- Doutor, por acaso usaria aquele banheiro?
Vendo que a paciente não está aparentemente bem, quer evitar conflitos e logo diz:
- Está bem. Vou te levar ao meu banheiro.

O doutor a leva no banheiro na parte de trás de sua sala e volta para sua mesa. Ao entrar, Alice fecha a porta e sente o que para ela há de ser um forte cheiro de urina. O cheiro a deixa mais irritada e tonta do que antes. Tudo está girando ao seu redor. Sai do banheiro num estado de transe e diz ao doutor:
- Me dá uma vassoura e um balde.
Mal consegue enxergar o homem e não tem controle de seu corpo nem das palavras que acabaram de sua boca. Sente um frio na barriga.  Tudo se apaga.

    Alice acorda no dia seguinte se perguntando como foi parar presa em uma maca numa sala branca e vazia.



Escrito por: Emilie Drago

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