terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Abraço fixo

É dia de espetáculo. O circo está em movimento, como acontece todas as vezes em que a bilheteria atinge o nível máximo de ingressos vendidos. Nhã há ameaça de chuva e a plateia começa a chegar, disbaratinadamente, vão se acomodando em busca do melhor ângulo para assistir aos números. Palhaços, mágicos, domadores, já se aprontam para que o número esteja impecável. 

Céu também se apresentará esta noite e sabe que deve se preparar, pois, sendo ela malabarista, sempre estará a mercê de perigos, devido á altura. Para ela, esta seria uma apresentação qualquer, não fosse hoje um dia que sempre lhe traz muita dor. Dez anos se passaram desde o dia do acidente, e, as imagens continuam nítidas em sua lembrança. Ela sempre foi grata pela família que ganhou no circo, mas nem mesmo a mulher barbada, com toda a potência do seu abraço, maximizada pela força dos seus braços fortes, consegue afagar a falta que seus pais lhe fazem.

O domador acabara de sair da Arena, é chegada a hora de Céu se apresentar. Sua transpiração conseguiu umedecer o cal que molhara as mãos. Primeiro salto: uma das mãos se solta, mas logo volta a base; segundo salto: O impulso é insuficiente para que seus pés cheguem até o outro malabarista; terceiro salto: silêncio na arena, olhares amedontrados e Céu, lá embaixo, deitada, vencida pela sua própria insuficiência sentimental. Seu choro conteve seus movimentos e permitiu sua queda, como se a gravidade mostrasse suas forças de uma única só vez.

O cuspidor de fogo conhece Céu mais do que qualquer outra pessoa em todo o circo e, sabe como ela se sente nesta data. Sabia que, a qualquer hora ela poderia dar sinais de sua fragilidade, mas não esperava que, algo como a queda poderia acontecer. Ele entrou na arena, pegou Céu pelos braços e retirou-a da base que amorteceu sua queda. Não mais em silêncio, a plateia começa a reclamar o espetáculo. Já dentro do trailer que Céu morava, a doce menina começa a recobrar a consciência. Não lembra-se exatamente como deu-se a queda, mas contou ter visto antes de tudo se apagar, a imagem de seus pais, abaixo dela, com vestimentas brancas e sorrisos largos. Céu havia soltado as mãos do balanço para ir ao encontro de seus pais, ela agora já tem ciência de que tudo não passou de uma alucinação. A imagem de seus pais só veio a tornar-se concretas enfim, quando ela a registrara em sua pele, em mais uma tatuagem, entre aquelas que cobriam seu corpo.

Por: Dennise Brito 

2 comentários:

  1. Denise, você conseguiu. Mas ainda pode rever e corrigir pequenas falhas na digitação. Quero que preste atenção à pontuação. Ela ajuda a dar força. Por exemplo. A frase final pode ficar em outro parágrafo e acho que ela não dá conta do que vc pretende. vou mandar as sugestões por e.mail.
    Abraço
    Ana

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  2. mis um comentário. Excelente a escolha da foto.

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